Os boletins semestrais aqui apresentados são provenientes dos dados abióticos do projeto Mar de Alcatrazes, a fim de entender como os fatores físicos influenciam na distribuição da biodiversidade e na transparência da água do mar. As coletas de dados, o processamento e a posterior elaboração do boletim foram realizadas pela equipe do Laboratório Aquarela – CEBIMar/USP. Esses dados são obtidos por meio de sensores do tipo TidbiT, que medem a temperatura da água do mar a cada 10 minutos, e foram distribuídos em 6 poitas (pontos), conforme figura 01, no entorno da face abrigada da ilha principal do arquipélago de Alcatrazes. Cada poita possui diferentes quantidades de sensores instalados, variando de 4 a 5 unidades, situados a profundidades variando entre 3 e 25 metros. Adicionalmente, são fornecidos registros de ventos aferidos pelo anemômetro da plataforma "MuitoBonsVentos". Esporadicamente também são inseridos/fornecidos dados de transparência da água do mar, coletados in situ com disco de Secchi, e diagrama TS contendo informações de temperatura e salinidade, obtidos através de medições com CTD (Conductivity, Temperature, and Depth).
Boletim Semestral 05/ 2024 (versão 05/08/2024)
Boletim Semestral 04/ 2023 (versão 24/01/2024)
Boletim Semestral 03/ 2023 (versão 24/01/2024)
Boletim Semestral 02/ 2022 (versão 24/01/2024)
Boletim Semestral 01/ 2022 (versão 24/01/2024)
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Figura 01: Arquipélago de Alcatrazes com os 06 pontos de coletas dos dados abióticos.
O projeto Mar de Alcatrazes tem como objetivo a implementação de um programa de monitoramento abrangendo invertebrados, peixes e fatores abióticos no ambiente marinho do arquipélago. Localizado na região sudeste e sul do Brasil, o arquipélago é protegido pela Estação Ecológica Tupinambás e pelo Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes, constituindo uma das maiores unidades de conservação marinha de proteção integral na região. Este destaque é reforçado pela sua posição central no mosaico de áreas marinhas protegidas do Estado de São Paulo. O Refúgio, criado em 2016, abrange uma área de 674 km², incluindo o setor I da Estação Ecológica Tupinambás, que foi estabelecida em 1987. Ambas as unidades são geridas pelo Núcleo de Gestão Integrada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (NGI ICMBio Alcatrazes) e possuem conselhos gestores, planos de manejo e uso público.
Dada a importância ambiental do arquipélago e os desafios inerentes à gestão baseada em conhecimentos científicos, a implementação de um programa de monitoramento é crucial para compreender a dinâmica da biodiversidade de Alcatrazes. Em 2021, financiado pela PETROBRAS e com apoio do ICMBio-Alcatrazes, o Laboratório de Ecologia e Conservação Marinha da Universidade Federal de São Paulo (LABECMar-UNIFESP) e o Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar-USP) deram início ao "Monitoramento de invertebrados, peixes e fatores abióticos no ambiente marinho do Arquipélago dos Alcatrazes, litoral norte do Estado de São Paulo".
Os dados do boletim apresentam termos que serão explicados a seguir:
A camada de mistura representa a camada superior do oceano, caracterizada por movimento constante e mistura. Fatores como o vento e a energia solar contribuem para a agitação da água, resultando em uma camada com homogeneidade relativa de temperatura e salinidade. Essa região é dinâmica e desempenha um papel crucial em diversos processos oceânicos. A termoclina, uma camada intermediária na água do oceano, destaca-se pela rápida variação de temperatura com a profundidade. Esta camada divide a parte mais quente da superfície da água do mar da camada mais fria e profunda. Por fim, à ACAS (Água Central do Atlântico Sul), uma camada profunda caracterizada por apresentar temperaturas frias, inferiores a 18,2ºC.
O disco de Secchi (no boletim representado por PDS, este sendo o valor da profundidade de desaparecimento do disco de Secchi) é um instrumento utilizado para medir a transparência da água. Trata-se de um disco geralmente branco e, quando lançado na água, os dados indicam a profundidade, em metros, em que o disco é visível. Quanto maior o valor de Secchi, mais transparente está a água do mar naquela localidade e data. Consideramos no boletim semestral valores de Secchi dentro de um raio de 200 metros da localidade da poita P12/Geladeira.
Os dados relativos ao vento são representados através de uma rosa dos ventos, um diagrama gráfico utilizado para a orientação geográfica. Esta representação visualiza os pontos cardeais – norte, sul, leste e oeste –, que são os pontos principais. Eles constituem os dois eixos de um plano cartesiano (x e y), associados às direções norte-sul (eixo y) e leste-oeste (eixo x), abrangendo uma volta completa do horizonte para indicar precisamente uma direção. Ao contrário dos pontos intermediários, que não determinam exatamente uma direção devido ao aumento do desvio inicial com a distância, a rosa dos ventos utiliza os pontos cardeais principais para evitar essa imprecisão. A intensidade do vento é representada pelo tamanho das hastes utilizadas na rosa dos ventos.
A presença das massas de água em regiões de plataforma continental é geralmente provida por diagramas TS, que são representações gráficas da distribuição de salinidade e temperatura potencial em diferentes profundidades. Essa ferramenta é comumente utilizada na oceanografia para entender as características físicas da água em diferentes regiões dos oceanos. Em termos mais simples, o eixo vertical do diagrama representa a temperatura, enquanto o eixo horizontal representa a salinidade. Ao observar a distribuição dos pontos no gráfico, podemos identificar padrões que indicam variações nas propriedades da água em diferentes áreas oceânicas.
Para mais informações e dados completos entre em contato com o Laboratório Aquarela This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.
Referência: Aquarela/CEBIMar01/2022 - Áurea Ciotti, Aline Barbosa Silva, Ana Laura Tribst Correa e Camila Lopes Lira
Colaboração: Breylla Campos Carvalho